Roberto Azevedo

O jornalista Roberto Azevedo tem 39 anos de profissão, 17 deles dedicados ao colunismo político. Na carreira, dirigiu equipes em redações de jornal, TV, rádio e internet nos principais veículos de Santa Catarina.


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O assunto salário de governador deve ser tratado com a razão e não com hipocrisia

Projeto de Lei pede adequação dos valores, com base na lei, o que elevaria o salário do governador para R$ 25.322,25

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Foto: Ricardo Wolffenbuttel / Secom / Divulgação
Foto: Ricardo Wolffenbuttel / Secom / Divulgação

Há uma distorção histórica no salário do governador de Santa Catarina que produz o absurdo de o chefe do Executivo Estadual perceber um vencimento mensal menor do que muitos servidores de carreira e até menor do que alguns assessores diretos, por isso trata-se de hipocrisia criticar a tentativa de se recuperar o valor original diante da envergadura da função e da responsabilidade inerente ao cargo.

Os ex-governadores Luiz Henrique (MDB) e Raimundo Colombo (PSD) optaram, desde 2003, em evitar o assunto, visto como impopular, mas viviam a reclamar que com os salários oferecidos pelo governo era difícil trazer figuras proeminentes da iniciativa privada para o colegiado, por exemplo, em função da baixa remuneração.

Mas quando receberam as respectivas aposentadorias, esta sim uma anomalia jurídico-administrativa que acabou extinta, passaram a perceber sobre o teto de um salário de desembargador, ou sejam, quase três vezes mais.

Carlos Moisés (Republicanos), coronel da reserva remunerada do Corpo de Bombeiros Militar, o primeiro que não irá receber a aposentadoria pelo exercício do cargo durante quatro anos, nem sequer tocou no assunto, certamente por receber o provento da função que exercia antes de entrar na política.

A polêmica construída em cima de uma máxima equivocada

O assunto ganhou luzes com o projeto do líder do PL, deputado Ivan Naatz, que pede agora a adequação dos valores, com base na lei, o que elevaria o vencimento para R$ 25.322,25, enquanto o governador catarinense recebe R$ 15 mil, o vice o mesmo valor e os secretários de Estado R$ 11 mil, algo que certamente não traz economia significativa aos cofres públicos, porém alimenta discursos apaixonados em nomes de uma suposta “moralização”.

Trata-se do mesmo valor que percebe um deputado estadual (até 75% do salário de um deputado federal), vencimento baseado no Congresso que tem o salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal como referência, hoje R$ 39.293,32, mas que deve chegar a R$ 46 mil no ano que vem.

Isso elevará os demais valores, como os do Congresso e do presidente da República, que recebe atualmente R$ 30.934,70 por mês, menos que um senador e um deputado federal.

Para o comparativo, vale dizer que o governador catarinense ganha menos do que um desembargador, um promotor ou um procurador de Justiça, um conselheiro do Tribunal de Contas e divide com eles a missão de comandar a estrutura estatal, que comumente chamamos de governo.

Alguns valores para servir de referência

Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, tem o maior salário entre os governadores, de R$ 33.763,00 mensais, enquanto o de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), é de R$ 23.048,59, e o do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), é de R$ 19.681,33, todos vencimentos brutos por mês.

Os mandatários estão sujeitos aos mesmo solavancos da economia, como a inflação.

Para quem considerar que os servidores temporários que possuem mandatos estão cheios de mordomias e o salário é o que menos importa, saiba que um governador não pode ter outra atividade, a dedicação é total ao cargo, inclusive tendo que abrir mão de sociedades em empresas ou em atividades de profissionais liberais, pergunta-se: viveriam de quê?

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