Os vinhos e suas diversas cores!
Conheça as diferentes cores dos vinhos bem como os diversos fatores que podem influenciar nas características da bebida.
• Atualizado
Para trazer ainda mais informações para os apaixonados pelo universo da gastronomia que acompanham a coluna, vamos apresentar aqui um novo integrante para fazer parte deste grupo que vai abastecer o espaço da coluna com conteúdos de qualidade e cheios de sabor. Desta vez chegou a hora de contarmos com a presença de um especialista no mundo dos vinhos.
Com um grande currículo e experiência, Jucelio Kulmann de Medeiros possui cursos na área Técnica em Enologia e ainda é Licenciado em Viticultura e Enologia pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul.
Durante a vida acadêmica, teve experiências em importantes vinícolas e na comercialização de vinhos nacionais e importados.
É professor de Serviço do Vinho e Bebidas do Campus Florianópolis – Continente, do IFSC, há uma década. Atua principalmente em Análise Sensorial, Serviço do Vinho, Fundamentos de Enologia e Tecnologia de Bebidas.
A família aqui no portal está crescendo, pensando em trazer notícias e assuntos com especialistas na sua área de formação e atuação. Cada vez mais, queridos leitores, queremos contemplá-los com informações e conteúdos relevantes e precisos. Principalmente com um olhar e perspectiva realizada através do “coração”. Pois somos agraciados por um grupo de colunistas que fazem o que amam!
Confira o artigo na íntegra.
Quem vê cara…
Se há um sentido que deve ter sido decisivo no sucesso da espécie humana, provavelmente é a visão. Enxergar perigos e perceber os hortifrutícolas saudáveis e maduros provavelmente evitou muitas escolhas erradas. Mas aquele que nos salva também é o sentido que nos condena: já reparou o quanto normalmente temos preconceitos a aspectos visuais menos “convencionais”?
No vinho não é diferente, e 11 entre 10 pessoas hão de preferir um vinho mais escuro, brilhante e límpido a outro que “falhe” em qualquer desses quesitos visuais. Estariam todas elas erradas? Talvez sim… O assunto não é livre de polêmicas e incompreensões, mas de um modo bem lúdico, nem todos nós somos fortes ou temos os cabelos escuros, e do mesmo modo, nem todas as uvas (e seus respectivos vinhos) têm coloração intensa, tonalidade escura e aspecto vivo. Tal qual humanos, elas têm suas particularidades. Porém, também outros fatores intervém na multiplicidade de aspectos visuais.
As diferentes uvas
A primeira fonte de diferenças, como já se deu pistas, é a própria uva. Ademais da divisão entre brancas, rosadas e tintas, existem uvas com pouca coloração, com coloração pronunciada e mesmo aquelas com enorme capacidade colorante. Poderíamos, e de um modo bem genérico, respectivamente, citar Pinot Noir, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet como exemplos. Logo, nenhum apreciador do líquido de Baco deve esperar um Pinot Noir com a intensidade de um Alicante, e talvez nem mesmo de um Cabernet. Julgar os vinhos conforme suas devidas características é um ponto importante na tarefa de entendê-los e desfrutá-los.
Locais de cultivo dos vinhos
Outra questão é que determinados locais de cultivos oferecem maiores condições de desenvolvimento dos compostos de cor, e dessa forma, respeitadas as diferenças de natureza das variedades antes citadas, todas elas oferecerão mais capacidade de cor em locais como a Serra Catarinense, onde as condições frequentemente levam a aspecto visual mais intenso. Diversos são os fatores para isso em diferentes regiões, mas essa é uma longa conversa, quem sabe, para um próximo momento.
Técnicas de fabricação dos vinhos
Também há a influência das técnicas de vinificação. Esse assunto, tal qual o anterior, é bem longo, mas de um modo geral, determinadas técnicas e escolhas do produtor, conjugadas às possibilidades oferecidas pela matéria prima, podem significar vinhos que, seja qual for a variedade de uva, apresentem mais ou menos do seu potencial de cor. Macerações curtas, ou seja, o contato das cascas com o líquido em período menor, trazem menos potencial de cor, algo parecido com o tempo em que o saquinho de chá fica na xícara e suas consequências à bebida. Da mesma forma, algumas técnicas, como a maceração em altas temperaturas, extrai mais compostos cortantes. De alguma forma, Pinot Noir vinificado a quente pode ter tanta ou mais cor do que um Cabernet Sauvignon vinificado em maceração curta. E os exemplos seriam vários, mas não pretendemos aqui aborrecer-lhes com as minúcias dos assuntos técnicos.
A idade dos vinhos
Uma fonte de variação também é a idade do vinho. A cor decai com o tempo e torna-se menos viva e intensa. Vinhos muito velhos têm uma aparência muito provavelmente indesejada para a maioria dos apreciadores, e muitas vezes, de fato, isso significa a “morte” do vinho, mas em grandes vinhos, talvez signifique apenas seu apogeu. Avaliar cada situação pode fazer a diferença entre tomar um vinho com pouco potencial e sai maravilhado e desdenhar de um grande vinho que esteja já com longos anos de guarda.
Se até aqui o assunto pareceu complexo, tudo bem, estaremos felizes se conseguirmos transmitir que cada situação é uma situação diferente, que o vinho é tão diverso quanto as pessoas, que ele pode ter uma gama grande de cores que variam com outra gama tão grande quanto de questões técnicas e naturais, e que não vale querer que todos tenham a mesma cor e que ela seja necessariamente muito intensa, escura e límpida. E claro, qualquer que seja a cor, o importante é a satisfação que a nobre bebida gera em seus apreciadores.
Santé!
por Jucelio K. Medeiros
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