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Michele Martins

O futuro do trabalho é hoje

Enquanto a gente fica pensando "o que será, que será?", a vida está acontecendo agora.

• Atualizado

Michele Martins

Por Michele Martins

Foto Pixabay
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Não dá para negar que o mundo está se transformando rapidamente. Se isso era verdade em 2019, o que dizer de 2020? Sobre 2021, nem ouso fazer suposições. O mundo já era VUCA – da sigla em inglês para volátil, incerto, complexo e ambíguo – antes da pandemia, mas muita gente só se deu conta agora.

Embora eu goste de acreditar que tudo o que estamos vivendo neste ano acelerou muita coisa que já vinha sendo cozinhada em banho maria, vejo que muitos ainda estão de costas para o inevitável novo. Não, não o novo normal, o novo novo mesmo.

Enquanto muitas empresas aproveitaram para acelerar a sua digitalização, muitas ainda se debatem sobre como controlar os colaboradores à distância. Na era do engajamento, propósito, colaboração e autogestão, pensar em controle parece ir na contramão da história. Mas assim caminha a humanidade, com passos de formiga e…

Líderes, que há tempos vinham sendo provocados a reverem seus conceitos de gestão e que teimavam em não desapegar do status quo, foram convocados a finalmente encarar de frente a confiança, o compartilhamento de responsabilidades e a conviver com a máxima “o importante é a entrega, não a quantidade de horas trabalhadas”. Todos aqueles programas de desenvolvimento, coachings e orientações do pessoal do “ih, lá vem o RH”, de uma hora para outra deixaram de ser modernices incômodas, para serem ferramentas de primeira necessidade.

Repensar o seu lugar no mundo

Mas são as pessoas, sim, todos nós, as pessoas, que mais uma vez estão sendo convidadas a repensarem seu lugar no mundo. Desta vez, a transformação exigida atravessou todas as esferas da vida ao mesmo tempo de forma avassaladora. O excesso de convivência doméstica nos fez repensar nossas relações mais próximas, assim como a ausência de convivência alguma, nos obrigou a lidar com a nossa solitude, que em alguns casos, desaguou na solidão mesmo. Os limites entre trabalho e vida pessoal, antes tênues, desapareceram. Isso para quem teve o privilégio de seguir trabalhando, e de casa – importante fazer esse recorte, porque é daqui que falo. Sete meses de trabalho remoto me fizeram rever conceitos e reprojetar o futuro que eu costumava achar que conhecia.

Há muito se discute o futuro do trabalho, profissões do futuro, habilidades do profissional do futuro. A demanda constante por inovação transforma diariamente o que fazemos e torna incessante e infinita a necessidade de aprendizado. A inteligência artificial chega cada vez mais perto, deixando uma desconfortável pergunta no ar: será ela capaz de nos tornar obsoletos? O humano é substituível afinal?

A má notícia é que para aquilo que é repetitivo e que depende mais de precisão do que de criatividade, esse destino parece inevitável. É questão de tempo, capacidade de investimento e acessibilidade à tecnologia, para que muitas funções acabem substituídas por máquinas inteligentes, sejam elas computadores, robôs ou apenas softwares, que de tão abstratos habitam em uma nuvem. A boa notícia é que quando falamos de inteligência artificial, a inteligência de que estamos falando é de um tipo específico, a racional, lógica, exata. Entretanto, esta que por muito tempo foi vista com a única inteligência, já não é de hoje que ganhou a companhia de muitas outras.

Vínculos de confiança

O conhecimento sobre nós mesmos evoluiu muito e atualmente falamos em inteligência e agilidade emocional, inteligência espiritual (não religiosa), intuição, o poder da vulnerabilidade, da diversidade e da conexão, e toda uma multiplicidade de fatores que nos tornam únicos. Processos colaborativos e cocriação são capacidades humanas baseadas em vínculos de confiança, que potencializam o encontro de novas soluções e melhoram os processos de tomada de decisão. Isso sem falar na criatividade, que precisa ser desglamourizada e deixar de ser vista como privilégio de poucos iluminados, para ser assumida simplesmente como uma característica intrínseca ao ser humano a que todos podem ter acesso e desenvolver.

Em tempos de busca por vacinas, o que então nos deixará imunes à obsolescência? 

Fica aqui o meu convite para pensarmos sobre quatro habilidades que considero essenciais para sobreviver nesse futuro que já chegou:

  • Desapego: o que te trouxe até aqui, não é necessariamente o que te leva para frente. Não se apaixone por suas certezas e esteja pronto para desapegar de qualquer coisa, sejam ideias, decisões, comportamentos, ou jeitos de fazer.
  • (re)Invenção: já que a palavra inovação virou jargão, vou fugir dela e simplesmente propor um resgate da nossa habilidade infantil da invenção, trazendo para hoje a capacidade de se reinventar em tudo, todos os dias. Esteja atento às tendências, às tecnologias e se antecipe, crie soluções para necessidades ainda não descobertas.
  • Eterno aprendiz: lifelong learner é o termo técnico para aquele que sabe que conhecimento não tem fim e não ocupa espaço, e assim abraça a ideia de que é preciso continuar a aprender, sempre. Crie a sua jornada de aprendizado constante.
  • Ser humanista: exerça o melhor do humano, honrando o que nos torna únicos. Pratique autoconhecimento, autodesenvolvimento e autocuidado. Conheça suas emoções, e evolua com o aprendizado que elas te proporcionam. Tenha compaixão, exerça empatia. Conecte-se, com pessoas, com um propósito, seja fiel aos seus valores e crenças. 

E com tudo isso, se aproprie do poder da criação. Seja criatura e criador. Crie.

Faça valer o seu futuro hoje.

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