Melissa Amaral

Mestre e doutoranda pelo PPGEGC/UFSC. Pesquisadora no grupo CoMovI em Empreendedorismo, ESG, Diversidade nas Organizações e Empoderamento da Mulher.


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Microagressões cotidianas. Por que você deve se posicionar a respeito?

Porque apesar de naturalizadas na nossa cultura, essas agressões de “micro” não têm nada e abalam a autoestima e autoconfiança das pessoas.

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Fonte: Reprodução Baynvc, 2021
Fonte: Reprodução Baynvc, 2021

Essa discriminação sutil, velada, é um assunto tão naturalizado na nossa cultura que, antes de falar a respeito eu já começo contextualizando:

São insultos verbais ou de comportamento, com ou sem intenção que comunicam ofensas hostis, depreciativas ou negativas a uma pessoa ou grupo (SUE et al, 2007).

As microagressões tem aparente sutileza, o que dificulta o reconhecimento. Muitas das vezes quem sofre a agressão fica em dúvida se está exagerando ou não, mas justamente por serem pequenas, são repetidas inúmeras vezes, marcando profundamente o individuo. Na maioria das vezes são dirigidas a minorias, pessoas “vistas” como diferentes: pessoas com deficiência, obesos, mulheres, mas quem mais sofre com elas são as pessoas negras e LGBTQIA+.

Mas na pratica o que significa? 

4 Ways Microaggressions Training Can Foster Diversity & Inclusion | Traliant
(Fonte: Reprodução, Traliant, 2020)

Bom, as microagressões estão divididas em duas categorias: 

A micro agressão de ataque, aquela direta mesmo, é aquela piada sobre o “caolho que vê melhor do que quem tem dois olhos” ou “manco agricultor” ou lembrar o negro que está na fila da primeira classe, que ali é a fila da primeira classe e não falar nada para os brancos da fila, ou então falar para uma mulher que a presidência da empresa não é lugar de mulher, porque, então, você sabe, mulher tem que pilotar o fogão.

Os micro insultos ou as micro invalidações são mais veladas mas ocorrem diariamente: sabe aquele comentário inocente e bem-intencionado que todos já fizemos como: “Você tem um rosto tão bonito, é só emagrecer um pouco que fica linda!” ou pior “Eu respeito os homossexuais, só não podemos encorajar isso.” 

Esse preconceito velado também é comportamental: quando interrompemos a fala de uma mulher em uma reunião, ou não contratamos pessoas LGBTQIA+ (não pela competência, mas por serem LGBTQIA+), ou, ou… eu poderia dar mil exemplos aqui, o que é muito triste. 

Mas está na hora de abordar o assunto pois assim a conscientização aumenta.

Esses incidentes acontecem dentro das empresas ou na sociedade e podem ser, acidentais ou não. Parecem pequenos, mas ao longo do tempo podem resultar em prejuízo na vida da pessoa, do funcionário, e na sua saúde e bem-estar. Essas formas sutis de discriminação são tão prejudiciais como formas mais diretas. 

Quando uma pessoa sofre uma micro agressão ou vê alguém praticando pode reagir de duas formas: 

A primeira é confrontando o agressor na hora, com calma e educação, mas chamando a atenção para o que ele falou ou fez, tentando conseguir uma reação empática. 

A outra, é esperando passar o calor do momento, e com calma, chamar a pessoa para conversar e explicar como você se sentiu ao escutar aquilo. E que esse tipo de comentário ou atitude não é mais aceito. Nem por você nem pela sociedade atual.

A autoaceitação é um fator imprescindível no desenvolvimento da autoconfiança para enfrentar as micro agressões, aceitando as suas características e sendo feliz por ser quem é. Isso empodera e ajuda a não permitir esse tipo de comentário ou comportamento de ninguém. Por outro lado, desenvolver a empatia também ajuda as pessoas a pensar duas vezes antes de cometer a micro agressão. 

Atualmente, debates sobre raça, orientação sexual, gênero etc. no ambiente de trabalho ou mesmo na sociedade acontecem diariamente, o que soma pontos na conscientização, mas mudanças culturais demandam tempo, informação e vontade de mudar. Enfim, se quisermos um mundo melhor e uma sociedade mais justa temos que ter auto responsabilidade e a certeza que isso depende de cada um de nós. 

Referncias: Sue DW, Capodilupo CM, Torino GC, Bucceri JM, Holder A, Nadal KL, Esquilin M. Racial microaggressions in everyday life: implications for clinical practice. Am Psychol 2007; 62(4):271-286.


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