João Silva

Graduado em economia e relações internacionais pela Boston Univeristy. Mestre em relações internacionais na University of Chicago e mestre em finanças pela University of Miami.


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A Economia “Despiora”, Mas ...

Por que a economia brasileira continua e continuará surpreendendo?

A economia é, acima de tudo, uma ciência social

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Banco de Imagens. Foto: Freepik
Banco de Imagens. Foto: Freepik

Nas redes sociais, já começou a virar piada os clichês que se tornaram as publicações de boa parte da imprensa brasileira acerca dos resultados da economia brasileira. Em quase toda manchete ou título de matéria sobre os resultados positivos da economia do país parece ser preciso acrescentar a conjunção adversativa “mas” ou até mesmo recorrer a neologismo como, o tão famoso, “despiora”.

É evidente que os autores desses contorcionismos linguísticos só podem possuir duas origens. Por um lado, existem os jornalistas e colunistas ideológicos, que buscam desqualificar qualquer notícia que possa impulsionar a popularidade do Presidente da República. Por outro lado, existem os economistas que não conseguem realizar uma conjuntura diligente sobre a economia do país. Não me parece sensato dissertar sobre as motivações de jornalistas e colunistas adotarem subterfúgios linguísticos para avançar com determinada agenda política.

Deixo para você, caro leitor, essa avaliação. Contudo, gostaria de explicitar a origem dos erros conjunturais realizadas por muitos economistas.

A economia é, acima de tudo, uma ciência social. Apesar dos economistas utilizarem diversos conceitos e métodos matemáticos para criar modelos econômicos e econométricos (aplicação de métodos estatísticos em dados econômicos), esses modelos estão sempre sujeitos a erros. Afinal de contas, a economia não é estática. Quando a conjuntura econômica sofre grandes mudanças, as relações passadas deixam de ser suficientes para explicar os atuais fenômenos econômicos. Como grande parte dos economistas desenvolvem suas projeções econômicas baseados em dados do passado, quando a economia passa por grandes choques, como estamos vivendo hoje, suas previsões tornam-se imprecisas.

O economista Robert E. Lucas, laureado com o prêmio Nobel de economia em 1995, foi o primeiro a expor a problemática envolvendo os modelos de previsões econômicas. Na chamada “Crítica de Lucas”, o economista de Chicago, explica que quando as expectativas dos agentes econômicos (indivíduos e empresas) mudam sobre determinada política econômica do governo, as relações entre variáveis econômicas que existiam no passado tornam-se inúteis. Thomas Sargent, professor de economia da Universidade de Nova Iorque, estendeu essa análise e demonstrou que governos podem conseguir melhorar o ambiente econômico apenas com credibilidade, visto que os agentes econômicos rapidamente ajustariam suas expectativas. No contexto econômico brasileiro recente é possível observar diversos acontecimentos que trouxeram grandes mudanças para economia, tais como a ascensão de um governo com políticas econômicas liberais, o surgimento de uma grande pandemia e a Guerra entre a Rússia e Ucrânia.  

Do ponto de vista das estimativas de crescimento, por exemplo, muitos economistas estão precisando reajustar para cima suas estimativas, pois eles não compreenderam uma grande mudança de política econômica do país. Enquanto no passado o crescimento era puxado por gastos e investimentos públicos e facilitação de acesso ao crédito, hoje o crescimento é puxado pelo setor privado, fruto de projetos de privatizações e concessões de ativos públicos e a aprovação de marcos regulatórios que estão atraindo mais investimentos. Segundo o Ministério da Economia, o Brasil já possui mais de R$ 828 bilhões em investimentos contratados para os próximos dez anos. Já do ponto de vista das contas públicas, ouve uma superestimação da relação dívida-PIB, pois as taxas de crescimento foram subestimadas, assim como o nível de arrecadação do governo. Ademais, muitos economistas desprezaram reformas econômicas “silenciosas” realizadas pelo Governo Federal que controlaram a trajetória do gasto público, como o congelamento de salários dos servidores e a digitalização de serviços públicos.

Apesar de nos últimos três anos as previsões sobre diversos indicadores da economia terem falhado recorrentemente, muitos economistas continuam realizando previsões pessimistas sobre o futuro da economia brasileira. Muitos estão prevendo estagnação da economia brasileira no próximo ano. Contudo, com a continuidade de políticas econômicas críveis em 2023, o Brasil continuará surpreendendo.

O Brasil foi o primeiro país a começar o ciclo de alta de juros e será um dos primeiros a sair, assim, aumentando a demanda agregada da economia. Com a continuidade da redução de impostos, haverá ainda mais consumo e maior grau de eficiência econômica. Com o cenário político internacional turbulento, o Brasil irá atrair ainda mais investimento externo para os setores industrial, agropecuário, mineral e energético.

O Ocidente precisa comercializar mais com nações amigas e próximas de suas fronteiras. O Brasil, portanto, será o porto seguro do investimento para muitas empresas do exterior. A continuidade do controle da trajetória do gasto público fará relação dívida-PIB cair ainda mais. Ou seja, o Brasil está iniciado um longo período de crescimento econômico. Se a política econômica atual continuar firme nos próximos anos, quem insistir apostando contra a economia brasileira errará novamente. O Brasil não está “despiorando”, ele está melhorando!

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