Desenvolvimento econômico do Brasil não será o objetivo do PT
O PT, como sempre, não aprende com seus erros. As propostas do partido para a economia brasileira terão como resultado: estagnação e desequilíbrios econômicos.
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A eleição do ex-Presidente Luiz Inácio representou um momento de forte desilusão para metade da população brasileira, que defende um projeto de liberdade econômica e política para o país. Após quatro anos turbulentos, muitos esperavam — inclusive eu — que a reeleição do Presidente Jair Bolsonaro representaria a continuidade de uma política econômica exitosa que libertaria o Brasil das amarras do estatismo que estagnou a nossa economia nas últimas quatro décadas. Contudo, as profecias do economista Roberto Campos teimam a persistir. Certa vez, Campos disse que “[i]nfelizmente, o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades”. Ele estava certo. Perdemos novamente uma oportunidade de transformar a realidade socioeconômica do Brasil.
Inicio este texto com um tom sorumbático porque estou vendo os erros do passado voltarem a se repetir. Em menos de duas semanas, as propostas petistas para a economia — nem comentarei os demais absurdos — nos fazem projetar um futuro torvo para a economia brasileira. Em primeiro lugar, o PT trabalha pela aprovação da chamada “PEC da Transição”, a qual promete liberar gastos para o Governo Federal em aproximadamente R$ 200 bilhões acima do Teto de Gastos. Também já estão surgindo propostas de financiamento do déficit público pelo Banco Central, assim como nossos hermanos argentinos vêm fazendo nos últimos anos. Ou seja, teremos a farra fiscal reimplementada no Brasil, com a desculpa de recuperar “a capacidade de investimento do Estado”. Contudo, o histórico petista de obras inacabadas e corrupção sistêmica, não nos permite acreditar que esses recursos trarão resultados positivos para a economia do país. Pelo contrário, gasto público excessivo tem como resultado inflação elevada ou aumento de impostos.
Petrobras
Desafortunadamente, o desatino petista não para no descontrole dos gastos públicos. A Petrobras também será alvo do partido. O principal nome cotado para presidência da petrolífera é do senador Jean Paul Prates (PT-RN). Prates promete interferir na política de preços da empresa, retomar investimentos e utilizar a Petrobras como instrumento de política pública. Não é por acaso que a companhia — atualmente, a petrolífera mais lucrativa do mundo — perdeu mais de R$ 50 bilhões em valor de mercado após a eleição de Lula. Aliás, os petistas já apresentaram ações judiciais para impedir o próximo pagamento de dividendos da empresa.
Gestão econômica do país
Os nomes apresentados para os postos chaves da gestão econômica do país também não transmitem confiança. Haddad e Aloízio Mercadante conhecem tanto de economia, como conheço de cirurgia neurológica. Até os nomes ditos do “mercado” são preocupantes. André Lara Resende, um dos membros do time econômico que desenvolveu o Plano Real, é o principal proponente da “Teoria Monetária Moderna” no Brasil. Para Resende, não deve haver restrições orçamentárias aos investimentos públicos e a política monetária deve ser subalterna a política fiscal.
Segundo ele, o excesso de liquidez na economia e a inflação podem ser controlados através do aumento de impostos e a venda de títulos públicos. A ideia terraplanista de Resende foi, em parte, aplicada em grandes economias, como nos Estados Unidos, Canadá e a Europa. Não por acaso, estes países estão enfrentando as maiores taxas de inflação em 40 anos e fortes pressões sobre os juros dos títulos públicos.
Não precisamos nem comparar o Brasil com outros países para compreender o porquê do gasto público desenfreado e o uso político de empresas estatais serem uma política econômica perniciosa. Com esse mesmo tipo de ideologia, Dilma destruiu quase 8% do PIB brasileiro. Os militares deixaram o país com uma dívida externa explosiva. Sarney e Collor levaram o Brasil para hiperinflação. Juscelino Kubitschek também deixou sua marca. Seu plano de “modernização” do Brasil foi o estopim da crise inflacionária dos anos 50.
Esta avaliação não é exclusivamente minha. No livro, “A Monetary and Fiscal History of Latin America: 1960 – 2017” (A História Fiscal e Monetária da América Latina: 1960 – 2017) elaborado pelo Becker Friedman Institute da Universidade de Chicago, foi exposto uma extensiva análise das políticas fiscais e monetárias do Brasil e concluiu-se que os períodos de maior crescimento econômico do país coincidiram com os períodos de maior estabilidade fiscal. No entanto, o crescimento do Brasil não conseguiu ser sustentado em razão da falta de reformas educacionais, tributárias, políticas e judiciais. Infelizmente, o PT não propõe nenhum projeto adequado para estas quatro áreas.
A luta por uma economia livre e próspera no Brasil é longa. José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, já defendia o liberalismo econômico no início do século XIX. Contudo, até hoje teimamos em seguir o caminho do estatismo. Este tipo de política econômica está fadada ao fracasso. O estatismo intensifica os ciclos econômicos e apresenta um comportamento similar de um dependente químico. Em um primeiro momento, o aumento dos gastos públicos gera um período de euforia econômica e falsa prosperidade. Contudo, o setor privado recua sua participação na economia devido à falta de credibilidade destas políticas públicas.
Quem investirá em um país com um ambiente econômico inóspito aos negócios? Talvez, apenas os amigos do Rei, os quais voltarão a receber crédito subsidiado dos bancos públicos. Assim sendo, quando o primeiro choque externo atingir a economia brasileira, os desequilíbrios econômicos serão sentidos. Rapidamente, então, a euforia torna-se uma depressão. O problema é que muitas vezes o ciclo econômico não está alinhado com o ciclo eleitoral. Quiçá, assim como em 2014, o intervencionismo econômico será o estelionato perfeito para vencer a eleição e jogar a bomba econômica no próximo governo.
Com o retorno do estatismo, o populismo volta a cena no Brasil. O desenvolvimento econômico do Brasil não será o objetivo do PT. Como sempre, o objetivo do partido será de manipular a economia para manutenção de seu projeto de poder político. Eles, pelo menos, poderiam ser sinceros e transparentes e dizerem: abaixo o desenvolvimento do Brasil! Viva o nosso projeto de poder!
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