João Silva

Graduado em economia e relações internacionais pela Boston Univeristy. Mestre em relações internacionais na University of Chicago e mestre em finanças pela University of Miami.


João Victor da Silva Compartilhar
João Victor Silva

Comércio internacional: o caminho para o desenvolvimento brasileiro

O Brasil precisa se inserir nos mercados globais

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Imagem Ilustrativa. Foto: Pixabay (banco de imagens)
Imagem Ilustrativa. Foto: Pixabay (banco de imagens)

O Brasil é um país que historicamente adotou uma postura protecionista em relação ao comércio internacional. Durante décadas, o país deixou de lado sua vocação natural para se tornar uma nação voltada para o comércio, adotando um desenvolvimento econômico quase que exclusivamente voltado às necessidades do seu mercado interno.

A partir da ascensão de Getúlio Vargas ao poder, o governo brasileiro adotou um modelo de desenvolvimento baseado na industrialização, cujo objetivo principal era atender à demanda interna. Esse modelo é conhecido como substituição de importações e se tornou a base da política econômica brasileira por décadas. A industrialização do Brasil, por um lado, permitiu que o país se tornasse um dos países com as maiores taxas de crescimento econômico entre as décadas de 1930 e 1970. Por outro lado, este mesmo modelo exibe há décadas sinais de esgotamento.

Valor dos bens exportados como participação no PIB, 1861 a 2014 (Brasil x Mundo)

Nas últimas quatro décadas, o Brasil enfrentou uma armadilha de baixo crescimento econômico. Muitas economias emergentes ao redor do mundo se beneficiaram da integração à economia global, impulsionada pelo movimento de globalização que surgiu nos anos 1980. Nesse período, os países da Ásia, do Leste Europeu e até mesmo nossos vizinhos, como o Chile, experimentaram um crescimento acelerado. O Brasil, por sua vez, optou por permanecer à margem desse processo de integração internacional, o que resultou na estagnação de sua economia.

Diversos grupos sociais se mantiveram presos a concepções atrasadas. Os militares permaneceram presos à ideia de “indústrias estratégicas”. Os burocratas optaram por manter o seu poder de “planejamento econômico”, em vez de criar um ambiente favorável para a livre iniciativa prosperar. Os empresários defenderam o protecionismo, em vez de se aventurarem no mundo da competição capitalista. Os socialistas, por sua vez, defenderam teorias que não possuem robustez empírica, como a visão estruturalista da economia e a teoria da dependência. Em vez de criar um ambiente propício à ascensão social de milhares de brasileiros, a esquerda brasileira preferiu adotar uma retórica antiamericana como foco principal. Em suma, esses diversos grupos sociais e ideológicos uniram-se e cooptaram o governo brasileiro para defender seus interesses setoriais, em vez de se engajarem em uma agenda de crescimento nacional.

O Brasil ainda enfrenta as consequências dessa política inapropriada. Contudo, o declínio atual não é irreversível. O subdesenvolvimento é uma escolha. Felizmente, nos últimos anos, o Brasil tem trilhado novamente o caminho do desenvolvimento. A implementação de reformas econômicas, que estabilizaram a trajetória dos gastos públicos, garantiram a independência do Banco Central e melhoraram o ambiente de negócios, iluminaram o futuro do país. Não é por acaso que o Brasil se tornou um dos principais destinos de investimentos estrangeiros.

Contudo, um dos avanços mais relevantes da agenda econômica do país nos últimos anos foi amplamente subestimado e recebeu pouca atenção midiática. No Brasil, o comércio exterior teve um grande crescimento nos últimos seis anos. As exportações brasileiras cresceram mais de 85% entre 2016 e 2022, enquanto as importações cresceram significativamente, cerca de 95%. Em 2022, o Brasil atingiu um superávit histórico na balança comercial, atingindo a marca de 62 bilhões de dólares.

Balança comercial brasileira (2022-2012)

O movimento de abertura econômica tem um papel crucial no desenvolvimento do país. A expansão do comércio internacional oferece ao Brasil a oportunidade de superar diversos obstáculos que, atualmente, impedem o seu progresso. Para a população brasileira, a abertura comercial tem o potencial de melhorar significativamente o padrão de consumo. A redução das barreiras comerciais torna os produtos estrangeiros mais acessíveis aos consumidores do Brasil. Além disso, com a concorrência externa, as companhias nacionais são incentivadas a melhorar a qualidade e o processo de produção de seus produtos. Com o aumento do comércio, a economia deve crescer de forma acelerada, o que resulta em novas oportunidades de negócios. A produtividade econômica também tende a aumentar à medida que o país se especializa nos setores em que há vantagens comparativas mais elevadas. À medida que o comércio se expande, o Brasil tende a atrair mais investimentos externos, sobretudo investimentos em capital, aumentando, dessa forma, a capacidade de crescimento econômico do país.

O comércio internacional é uma das principais ferramentas que o Brasil tem para transformar a sua realidade social e econômica. Dado o atual cenário político e econômico internacional, esse processo pode se desenvolver mais rapidamente do que se imagina. No entanto, é fundamental reconhecer que o progresso não acontecerá por mera sorte ou intervenção divina. O Brasil precisa fazer sua parte. A sociedade e a classe política brasileira devem fortalecer as instituições do Estado e aprimorar o ambiente de negócios.

É crucial que o governo atual e as futuras lideranças optem por manter a tendência de abertura econômica e implementação de reformas. Caso contrário, o país pode desperdiçar novamente a oportunidade de se tornar uma nação desenvolvida. O caminho para o progresso está à nossa frente, e é nossa responsabilidade decidir se teremos maturidade para deixar de lado interesses mesquinhos e políticos, e construir uma economia e sociedade sólidas. A alternativa seria afundarmos no atraso, por meio do caos político e institucional semelhante ao que os nossos vizinhos venezuelanos e argentinos fizeram.

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