Gustavo Maresch

Bacharel em Gastronomia e mestre em Turismo e Hotelaria. Atualmente é chef de cozinha do Kraft Wine Bar.


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Enólogos, maestros e suas diferentes criações

Qual o melhor vinho ? varietal ou assemblage ? Continue desvendando os mistérios desse mundo tão complexo que é o do vinho.

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Fonte: Pixabay
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Na semana passada, conversamos sobre as diferenças entre vinhos varietais e aqueles de assemblage, corte ou seleção. Hoje. Iremos ao ponto nevrálgico desta discussão: qual o melhor? A polêmica de hoje está posta! O assunto rende fervorosas discussões e defesas, e aqui falaremos de um ponto de vista estritamente técnico.

Produtores tradicionais

A primeira questão a que precisamos nos atentar é que os produtores mais tradicionais dificilmente têm vinhos varietais. Isso acontece porque, para eles, mais vale um vinho que expresse a terra (o tal “Terroir”) do que uma pura variedade. Assim, se o local tem uma ou treze variedades, o que importa é que o vinho de ambas hipóteses traga a identidade daquilo que é tradicionalmente elaborado na região.

A soma das virtudes

O segundo ponto importante é pensar no motivo para que sejam realizadas misturas de vinhos. Na lógica europeia, é isso que garante a tal “cara da região”, permitindo ajustes como a diminuição da participação das uvas de um período mais desfavorável e a criação de um vinho mais harmônico, em síntese, conforme sejam as diferentes necessidades de cada safra. De alguma forma, o que se faz é a verdadeira sinfonia de diferentes acordes vínicos, unindo o melhor de cada variedade num resultado que é superior a apenas a expressão própria individualizada.

A melhoria das imperfeições

Mas claro, nada impede que sejam juntados vinhos com diferentes deficiências e virtudes gustativas, buscando o melhor de cada um na formação daquele que não será um grande vinho, mas que será bem mais harmônico que os vinhos individualmente. Ou seja, o corte pode ser tanto de virtudes com virtudes quanto de virtudes com deficiências. Normalmente, fora da Europa, predomina a segunda opção, e isto é o que leva a grandes erros de generalização sobre a qualidade de vinhos de corte.

E afinal, é melhor varietal ou assemblage?

Mas como saber se um vinho de assemblage é bom ou ruim? Embora nem sempre preço maior defina qualidade equivalente, é muito provável que aqueles mais baratos sejam inferiores, do mesmo modo que é muito provável que vinhos de corte mais caros sejam, ao contrário, vinhos de melhor qualidade. De um modo geral, o assemblage estará nos vinhos mais baratos como uma forma de fazer vinhos simples, harmônicos e com maior volume e fidelidade lote a lote. Nos mais caros, será a orquestra dos diferentes expoentes vínicos.

E o varietal com menos de 100 % de uma uva?

Pois bem, como se pode perceber, mesmo aquele seu varietal predileto pode ter – e provavelmente terá – algum pequeno corte para torná-lo mais completo. Sim, aquela sua certeza de preferir varietais por saber o que cada um é e por serem um pouco parecidos entre si pode ser levemente abalada por essa informação. Que tal repensar a questão na próxima ida a uma adega?

Ao caro leitor, portanto, resta, mais uma vez, entender que o vinho é diverso, que diferentes filosofias levam a diferentes escolhas e que a categorização extrema entre “bom e ruim” quase nunca é um bom caminho. Bom caminho é aquele da taça cheia, da descoberta, do permitir-se entender qual seu vinho preferido, sem precisar guiar-se por conceitos muitas vezes equivocados.

Santé!

por Jucelio K. Medeiros


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