Gustavo Maresch

Bacharel em Gastronomia e mestre em Turismo e Hotelaria. Atualmente é chef de cozinha do Kraft Wine Bar.


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Qual a melhor rolha para vinho?

Continue desvendando o mundo das rolhas de vinho e as alternativas encontradas para suprir o uso da rolha maciça de cortiça.

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Rolhas. Fonte: Pixabay
Rolhas. Fonte: Pixabay

Na nossa conversa anterior, falamos sobre alguns aspectos históricos e práticos do uso de rolhas de cortiça para vinho, bem como, em breves palavras, sobre sua produção. Falamos que o sobreiro é finito e a produção de cortiça é lenta. Além disso, há questões ambientais e uma escala de consumo superlativa.

Quais seriam as alternativas às rolhas maciças de cortiça?

Havíamos falado que nem toda rolha extraída para ser, a princípio, maciça, acaba sendo utilizada como tal. Isso ocorre porque, sendo naturais, as rolhas possuem uma grande variabilidade. A título de exemplo, vamos pensar que a casca de algum sobreiro tenha sido degradada por algum inseto. A rolha que fosse extraída dali provavelmente não apresentaria boas condições para uso. No entanto, fatores puramente naturais também podem trazer menor poder vedante e qualidade da rolha.

A primeira alternativa às rolhas maciças é, portanto, a adequação daquelas que não serviram como tal. Assim são elaboradas as rolhas colmatadas. Colmatar, em poucas palavras (essa não é exatamente uma palavra comum do cotidiano), é preencher. Assim, o princípio básico dessas rolhas é preencher seus espaços em demasia vazios com uma mistura de pó de rolha e cola. Assim, a rolha fica com um aspecto muito semelhante à da rolha maciça, mas apresenta menor poder de vedação e menor preço.

Rolhas aglomeradas

Outra alternativa é o aproveitamento integral da cortiça. Daí que surgem as rolhas aglomeradas, que nada mais são que os resíduos aproveitáveis das rolhas maciças, que podem ser moídos e extrusados em forma cilíndrica, tais quais como as rolhas de primeira qualidade.

Além do formato, elas em nada se parecem com as rolhas maciças, pois são formadas por pedaços com tamanhos variáveis, agrupados por alguma cola de uso alimentício inerte ao vinho, possuindo aspecto rugoso, na maior parte das vezes. E as diferenças não param no aspecto: na realidade, a elasticidade e o poder de vedação são diferentes.

As primeiras rolhas aglomeradas assemelham-se com a maior parte das que vemos ainda hoje no Brasil, formada por pedaços maiores. A vedação dessas rolhas não é, de fato, a melhor, e aí, como na semana passada, podemos fazer pensar sobre a possibilidade de a cortiça não ser, necessariamente, o melhor material. O preço, no entanto, é muito mais baixo, o que explica que a maior parte dos vinhos de menor valor sejam feitos com elas.

Fonte: Pixabay

Algumas rolhas aglomeradas são formadas por um ou disco de cortiça em cada extremidade, mais raramente por dois, sendo chamadas de 1+1 ou 2+2. Essas rolhas aliam a redução de custo a um melhor poder de vedação, bem como eliminam o contato do vinho com a rolha aglomerada. São boas rolhas, melhores do que as puramente aglomeradas, mas não tem a vedação das melhores rolhas de cortiça maciça. A maior parte dos vinhos de média gama e para consumo em menor tempo são envasados com elas.

Rolhas técnicas

No entanto, a evolução das chamadas “rolhas técnicas” trouxe avanços como redução da granulometria e melhor elasticidade e vedação. Assim, hoje não é raro encontrarmos vinhos importados de gamas mais altas fechados com elas. É evidente que os vinhos importados têm custos de importação e logística embutidos, mas ainda assim, no caso citado, são vinhos de valor agregado relativamente alto. Uma das explicações para que isso ocorra fora e não aqui é um preconceito menor dos mercados mais maduros no consumo de vinho.

Mas ainda não chegamos à resposta das duas perguntas iniciais: qual a melhor rolha para o vinho e qual tamanho ideal? O assunto é longo, e acaba sendo muito bem acompanhado por algumas taças de vinho. Assim, espero o caro leitor para mais um dedo de prosa no próximo artigo.

Santé!

por Jucelio K. Medeiros


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