Gustavo Maresch

Bacharel em Gastronomia e mestre em Turismo e Hotelaria. Atualmente é chef de cozinha do Kraft Wine Bar.


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Cabernet: uma questão de nome e sobrenome

Cabernet: Abra um delicioso vinho e venha entender qual a relação da uva cabernet, tão famosa no mundo todo, com os seus respectivos vinhos.

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Fonte: Pexels
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Cabernet, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Ruby Cabernet, Cabernet Gernischt, Cabernet Volos. Que relação têm essas diferentes uvas e seus respectivos vinhos? Escolha o seu preferido e venha conosco entender um pouco melhor!

Qual sua uva preferida?

Essa questão pode render muita conversa e, claro, muitas taças de vinho! A resposta de pressupostos conhecedores de vinhos tem boa chance de ser “Cabernet”, ou mais ainda, “Cabernet Sauvignon”, uva da qual se esperam vinhos encorpados e complexos. Por motivo oposto, pela repetição, essa pode também ser a resposta daqueles que muito pouco entendem de vinho. Seja qual for o motivo da preferência, você já se perguntou que uvas são essas?

Antes de qualquer coisa, precisamos falar da Cabernet Franc, que é uma uva tinta nativa da região de Bordeaux, no sudoeste francês. Conhecida pelos vinhos de médio corpo a encorpados, taninos sedosos a firmes e aromas frutados e de especiarias, a Cab. Franc, num horizonte desconhecido e distante, teria sido a primeira das uvas citadas. Ainda hoje, é casta de grande importância na região, gozando de boa reputação e estando presente em grandes vinhos, como o Château Cheval Blanc, cuja garrafa não custa menos de quatro dígitos antes da vírgula.

No Brasil, Cabernet Franc foi uma das primeiras variedades tintas europeias a aclimatar-se ao clima da Serra Gaúcha, maior região produtora e a primeira de grande relevância na história do país. Por volta do anos 1950, passou à frente de castas italianas como a Barbera e firmou-se como produtora de vinhos de considerável prestígio, como o histórico Granja União.

Uvas. Fonte: Pixabay

Simplesmente Cabernet

Muito frequentemente era chamada apenas de Cabernet, sendo comum que vinhos de décadas passadas assim identificados fossem, de fato, elaborados a partir de Cabernet Franc. Sendo propagada de vizinho a vizinho, não tardou para que a variedade encontrasse um terrível problema: a propagação de plantas com vírus. O cultivo definhou em tempo consideravelmente curto, substituído por outras variedades mais convenientes. Esforços recentes, contudo, reintroduziram a Cab. Franc, com bons e promissores resultados.

Pelo que se supõe, e pelas evidências de análise de DNA, em algum momento, Cabernet Franc teria sido naturalmente cruzada com Sauvignon Blanc (notoriamente chamada apenas de “Sauvignon” na Europa), na região de onde se originaram, Bordeaux. Alguma semente deste cruzamento teria vingado, surgindo a Cabernet Sauvignon, cujo nome, como se pode supor, é a junção de suas duas variedades de origem.

Fato notório é que Cabernet Sauvignon originou-se do cruzamento entre variedades tinta e branca. Poderia o leitor supor que isto a tornaria uma versão mais leve, porém pouca coisa em genética resolve-se de modo puramente matemático. A “soma” das diferentes cores originou uma variedade de cacho ligeiramente maior do que Cabernet Franc, e com maior expressão de taninos e aroma de especiarias, embora tenha boa presença de aromas a frutas negras.

vinho
Fonte: pixabay

Cab. Sauvignon: variedade tinta predominante no mundo

A vocação de Cabernet Sauvignon para originar vinhos de bom corpo e longevidade é a característica mais notória a conquistar o paladar de tantos apreciadores. É a variedade tinta predominante no mundo todo, estando bastante presente na composição da maior parte dos vinhos de Bordeaux, incluindo aqueles de absoluto prestígio e preço, como o Château Mouton-Rotschild, capaz de envelhecer bem por décadas.

No Brasil, teve forte expansão pela década de 1980, quando melhores práticas de cultivo e elaboração de vinhos, aliados a uma boa produtividade com satisfatórios resultados, fizeram com que a uva suplantasse a derrocada da Cab. Franc. Desde então, a casta firmou-se como a principal casta tinta, embora com adaptação, por vezes, questionável à realidade da época, e mesmo a algumas regiões atuais menos aptas. Hoje, a casta ainda é a variedade europeia tinta mais plantada no Brasil, estando presente na maioria das regiões produtoras, desde as grandes e antigas até às mais recentes e menores.

Na próxima semana, descobriremos, afinal, quais são as outras tantas opções de Cabernet.


Santé!

por Jucelio K. Medeiros


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