Conheça detalhes do funeral judaico realizado pela família do Silvio Santos

A morte de Silvio Santos deixou uma lacuna enorme na comunicação brasileira e, principalmente, para o povo que adorava o rei dos domingos, como era conhecido. Para os judeus, o Senor Abravanel também era importante. Sendo assim, e atendendo a um pedido seu, o funeral seguiu o ritual judaico. Nós conversamos com Marcos André, Carioca, nascido em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, e atualmente morador de Blumenau, Santa Catarina.

O analista tecnológico é judeu e deu detalhes dessa tradição fúnebre. Senor Abravanel, descendente de uma linhagem ilustre. Seu antepassado, Isaac ben Judah (ou Yitzchak ben Yehuda) Abravanel, de sagrada memória, foi um eminente comentarista da Torá e um destacado estadista judeu, que desempenhou um papel crucial na história europeia. Em 1492, ele e sua família foram forçados a se juntar aos seus correligionários na infame expulsão dos judeus da Espanha.

Quando um justo falece no Shabat, considera-se que ele alcançou um duplo descanso, pois este é um dia sagrado em que observamos o mandamento de descanso. Por tradição, não se realiza o sepultamento durante o Shabat; assim, o enterro só pode ocorrer após o seu término, reforçando a ideia de que o falecido descansou duas vezes.

Na tradição judaica, o enterro é realizado sem ostentação. Segundo a Congregação Israelita Paulista, o objetivo é “frisar a igualdade de todos os seres humanos em sua morada final”. Dessa forma, o sepultamento ocorre sem enfeites ou flores, em respeito à simplicidade e igualdade diante da morte. O corpo é sepultado com uma mortalha branca e simples, e antes do enterro, é lavado em um ritual que simboliza a purificação e uma última homenagem ao falecido.

Pelo judaísmo, o corpo deve ser sepultado o mais rápido possível, preferencialmente no mesmo dia da morte. Há uma exceção para o Shabat, que começa ao pôr do sol da sexta-feira e termina ao pôr do sol do sábado, quando o enterro não é permitido. Adiar o sepultamento é visto como um desrespeito ao falecido, pois se acredita que a alma só encontra descanso completo após o enterro.

O ritual de purificação, conhecido como Tahara, é realizado pela Chevra Kadisha, uma organização comunitária que prepara o corpo com cuidado, lavando-o e vestindo-o com um simples sudário branco, chamado de tachrichim.

No judaísmo, é costume que o enterro ocorra o mais rápido possível, geralmente dentro de 24 horas após a morte. Não há velório prolongado, e o corpo não é embalsamado, em respeito à crença de que ele deve retornar à terra da forma mais natural possível. Durante o cortejo fúnebre, são recitados os Salmos (Tehilim), e é comum que os participantes façam uma pausa para orar.

No cemitério, o caixão é enterrado diretamente no solo, sem cofre de cimento ou outro invólucro, e os presentes costumam jogar terra sobre o caixão, simbolizando o ato de “entregar à terra”.

O período de luto mais intenso, conhecido como Shiva, dura sete dias. Durante esse tempo, a família enlutada recebe visitas em casa, não participa de atividades cotidianas e senta-se em cadeiras baixas, como sinal de humildade. Oram diariamente, incluindo a recitação do Kaddish.

O aniversário da morte, conhecido como Yahrzeit, é observado anualmente com a recitação do Kaddish e o acendimento de uma vela em memória do falecido, em uma cerimônia que visa tanto honrar a memória do ente querido quanto proporcionar conforto à família e à comunidade.

*Esta matéria também contou com a colaboração de Uriel, aluno do Rabino Eliahu Hasky.

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